Texto Para Ser Lído & Queimado


[Sessão Baú - Revisitada]

A mão segurava a pena vermelha e branca, hesitante, vai e vem. O foco se afasta, o circulo de luz se abre e vejo que aquela sou eu, sentada, dialogando com o papel, em branco.
"Os muros como projetos", "Van Gogh", "Isto me faz feliz", "único", "especial" e frases que continuamente chocavam-se umas nas outras, resultando em partículas de emoções arrítmicas mas sinfônicas, e mais sinfônicas do que um simples tum-tumnar.
"Você deveria ter escrito" disse-me Baudelaire vestindo apenas um samba-cancão branco com listras azuis. "Não. Gostaria que ela lembrasse daquele dia quando... ouvisse o nome de Van Gogh ou vestisse pela vigésima segunda vez, azul. E não que ela por um acaso encontrasse o dia-papel em sua gaveta e o relembrasse. O dia-memória, o dia-voz, o dia-cheiro, o dia-tato... esses são os verdadeiros dias que se abraçam feito ondas..."
"Acho que vou tardar para aparecer nesse cômodo de novo. Obrigada pela minha dose de vida."
E inesperavelmente ele terminou o cigarro que nem ao menos vi que havia começado, sorriu e saiu pela porta.
Mirei o papel e lá estavam minhas palavras exatamente como as havia fluído: ao seu redor meus muros deixam de existir, como se tivessem sido apenas um projeto de construção. Feliz. E isto aconteceu de uma forma especial e única, assim como o azul de Van Gogh.
Vou esperar que ela quase desperte, para lhe sussurrar dia-energia.

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